O desenvolvimento social sustentável
- Evandro Prestes Guerreiro

- 23 de mai. de 2023
- 3 min de leitura
O debate sobre o Desenvolvimento Social na atualidade está vinculado aos princípios da sustentabilidade e dos direitos humanos, no ponto de vista da dignidade e da cultura da paz. O progresso colocou diante de nós o dilema da sobrevivência e da preservação de ecossistemas ambientais em escala planetária, capazes de manter o mundo habitável pelos seres vivos, alertando que os recursos naturais são finitos, assim como cada um de nós e, a adoção de medidas integradas e em parcerias, como apontam os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável - ODS, que assegurem as condições sustentáveis objetivas das próximas gerações, tornou-se o desafio para todos os setores da sociedade, incluindo poder público, empresas e sociedade civil organizada.

O desenvolvimento social é uma das dimensões do desenvolvimento humano, por isso, refere-se tanto ao capital humano, como ao capital social da sociedade, traduzindo as mudanças qualitativas dos vínculos sociais estabelecidos entre os indivíduos, grupos, instituições públicas e privadas, que possam assegurar o bem-estar social e a qualidade de vida, como projeto futuro de desenvolvimento.
As pequenas atitudes no âmbito da sustentabilidade fazem cada vez mais diferença, quando se trata de desenvolvimento social, uma vez que a dimensão social reflete as relações humanas em sua coexistência em sociedade. Reciclar o lixo individual, por exemplo, significa minimizar e muito o impacto gerado pela produção diária de lixo por pessoa no Brasil, que chega a pouco mais de 1kg de lixo diariamente, conforme apontou no final de 2020, o estudo de monitoramento realizado pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, publicado como Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, onde cada brasileiro gera aproximadamente 380kg de lixo anualmente. Por outro lado, como alertou em 2019, o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), somente 2,1% de todo resíduo coletado no país é reciclado.

O desenvolvimento social começa com a educação de qualidade, desde o ensino básico fundamental, até a pós graduação e, em diferentes modalidades de aprendizagem e aplicação tecnológica da inovação, orientando a inteligência coletiva do país para solucionar problemas práticos, que o progresso não priorizou, considerando que seu maior propósito foi potencializar a industrialização automatizada e eletrônica, sem entrar no mérito de que os recursos naturais são finitos.
Culturalmente no Brasil, somos consumidos pelo imediatismo do "aqui, agora", criando atitudes gerenciais focadas na reatividade das ocorrências e, por mais que não seja um comportamento universal padronizado, boa parte das organizações públicas e privadas, administram crises e riscos elevados. Segundo estudo do GIFE - Grupo de Institutos, Fundações e Empresas, 7% das organizações empresariais identificam riscos potenciais esporadicamente, mesmo que cerca de 90% adotem medidas de gestão de risco. Parece um contra senso e é, somos assim, separamos o que deve estar junto e juntamos o que precisa ser separado. No desenvolvimento social está tudo junto, crescimento econômico torna-se uma dimensão concreta de resultados dos avanços financeiros expressos coletivamente, como o caso do Produto Interno Bruto - PIB, mas também, serve de indicador para diagnosticar o que precisa ser melhorado com vistas ao desenvolvimento da qualidade de vida e bem-estar social.
O desenvolvimento social reflete a eficácia produtiva no uso dos recursos naturais, sem perder de vista a qualidade gerencial dos resíduos, transformando a economia linear em economia circular, como estratégia sustentável para assegurar os mecanismos que melhor representem o desejo do coletivo da comunidade e do lugar. Logística reversa, reciclagem do lixo, energia limpa, governança ética, transparência na gestão pública dos recursos, controle de desperdício, planejar sistemas de tratamento e reaproveitamento de água, reutilização de matéria prima, economia de energia elétrica, bem como, incentivar projetos de educação ambiental, são medidas adotadas que contribuem para mostrar a importância de pensarmos futuro, agora. Isso implica pensar que a pessoa é mais que o consumidor casuísta ou o cidadão representativo.

A participação e o envolvimento direto dos indivíduos com as demandas da sustentabilidade humana no planeta é o recurso preventivo que nos resta no campo da eficiência gerencial dos impactos ambientais decorrente do crescimento econômico, dissociado do pilar social, na perspectiva dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável - ODS, que revelou ser a dimensão de maior complexidade, uma vez que, não basta somente educar a criança ou o adulto no formalismo escolar, por meio de diagnósticos figurativos que mais alarmam, do que cumprem sua função pedagógica; Precisamos sim, promover a cultura sustentável em todas as suas expressões materiais e midiáticas, produzindo peças de comunicação assertiva e acompanhamento contínuo da evolução da aprendizagem ativa, enquanto ainda temos tempo de fazer algo pelas futuras gerações e sermos protagonistas do desenvolvimento social realmente sustentável.








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