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O fato social da vida jovem abreviada

A Organização Mundial da Saúde (2020), alerta que a morte de jovens de 15 a 29 anos por suicídio é a 3ª causa de desvalorização letal da vida. No Brasil são cerca de 12 mil pessoas que subtraem anualmente a própria vida e a cada 40 segundos uma pessoa morre pelo suicídio em algum lugar do planeta Terra. São aproximadamente 800 mil pessoas no mundo que acreditam na morte como solução para vida de depressão, desempoderamento social, ansiedade, incapacidade financeira para suprir suas necessidades e da família, dependência toxicológica ou algum tipo de transtorno psicológico causado pelo estresse.

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O estudo de Durkheim (2004) a respeito do suicídio classifica o fenômeno em três vertentes. A primeira vertente é o suicídio egoísta, onde o indivíduo está frustrado com a insatisfação de seus desejos e desiste da vida. O suicídio altruísta, como segunda vertente, entretanto, ressalta o autor, está associado ao sentido simbólico da vida e a causa que acredita. A terceira vertente é o suicídio anômico, implicando desagregação social por tragédias naturais como terremotos e furacões, guerras, como a invasão russa na Ucrânia ou crise econômica, maximizando o ato suicida.


Suicídio egoísta, altruísta ou anômico, parece irrelevante diante do fato social da vida jovem ser abreviada a cada 40 segundos, seja pela frustração dos seus sonhos, seja pela a incapacidade da governança global administrar a sustentabilidade em todas as suas formas de expressão humano-social. Não se trata de atitude solidária de voluntários “escutadores”, que na ausência de serviço público adequado de monitoramento psicossocial, tornam-se o último refúgio para a tendência ao ato suicida. Precisamos de políticas públicas de Estado, aparelhadas com os recursos de investimento para evitar a fatalidade da vida. Por um lado, colocar o ato de suicídio na agenda pública é antes de qualquer fator, demonstração de coragem e poder do Estado Democrático de Direitos, resignificando o dilema da vida e da morte. Da abundância e miséria. Da falta e a super-proteção. Por outro lado, a fragilidade e vulnerabilidade psicossocial individual, tende a conduzir o jovem para um caminho perigoso e muitas vezes sem volta, sem amparo, acolhimento, assistência ou escuta, afeto e amor.

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Os cinco níveis do autoconhecimento humano (GUERREIRO, 2023) voltados para infoinclusão social, devem fundamentar as estratégias dos serviços de atendimento a depressão, solidão, ansiedade, transtornos mentais e comportamentais. O primeiro nível é o autoconhecimento cinestésico, valorizando o corpo que habita, treinando, caminhando e exercitando a mobilidade física. O segundo nível é o autoconhecimento racional, compreendendo a complexidade do mundo moderno e racionalizando os múltiplos estímulos como recursos de infoinclusão social com base nos fatos e evidências. A estrutura de personalidade é sustentada pela autoestima física e funcional do indivíduo, dominando sua consciência biopsíquica e sócio-afetiva, possibilitando o terceiro nível do autoconhecimento emocional transformando as fragilidades em oportunidade de crescimento e desenvolvimento pessoal, como preparo para o quarto nível que é o autoconhecimento sinestésico, onde a metapercepção individual se harmoniza com a autopercepção e a heteropercepção do outro, integrando os sentimentos às emoções de forma sistêmica e holística, alcançando o quinto nível do autoconhecimento ecológico, onde o corpo e o espírito criam a homeostase necessária para fazer a transição quântica da alma humana e quando o ciclo da vida integra novo e o velho, a criança e os idosos.


Os níveis de autoconhecimento humano qualificam o ciclo de aprendizagem da vida, como o legado sustentável da civilização moderna como espécie homo sapiens, transformada em homo optimus. Os avanços tecnológicos ainda não foram universalizados de forma inclusiva e deixam marcas na linha do tempo geracional, até chegar nos jovens da geração Z e geração Alpha (quem nasceu na década de 1990 e após 2010), que desistem da vida diante dos obstáculos da sociedade complexa, seja pela frustração dos desejos, seja pela satisfação do sucesso. O fato social da vida jovem vulnerável, transformou o dilema humano da existência moderna, na banalização da morte, pelo suicídio.


Referências:

DURKHEIM, Émile. O Suicídio. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

GUERREIRO, Evandro Prestes. Autoconhecimento humano para o desenvolvimento pessoal. São Paulo: eSocial Brasil, 2023 (prelo).

OMS - Organização Mundial da Saúde. Disponível em: https://www.who.int/pt

 
 
 

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