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Sujeito social visionário.

[...] Precisamos de mais tempo livre, mas, o problema é tempo.




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O sujeito social é visionário. Visão é a empresa que com 12 investidores, tendo a frente um deles acreditando ser possível fabricar um automóvel em menos de 2 horas ou precisamente 98 minutos, quando o meio de transporte mais rápido no início de 1900, era o trem movido por caldeiras alimentadas com lenha/ carvão. Os visionários são assim. Veem coisas aonde ninguem mais vê, assim como observa o mundo do "louco". Por sinal, era o segundo personagem dos quadrinhos de Mauricio de Souza, que mais despertava em mim, esse olhar empreendedor, criativo, subversivo, quase revolucionário. Sim, quase, pois minha militância revolucionária foi para área investigativa e a semiótica comunicacional no campo da infoinclusão social.


Até ensaiei um tempo na área da engenharia mecânica, a partir de meu curso técnico em mecânica, muito bem preparado pela escola técnica federal, que já em meu estágio em uma empresa de mineração, fui parar no controle de qualidade de todo o maquinário da mina com uma única tarefa: programar a parada estratégica que gerasse menor custo hora-parada da mina, que funcionava em ciclo contínuo de 24 horas. Para programar a parada era preciso criar uma base de dados com informações que gerassem conhecimento maximizado do sistema global e dos processos específicos, incluindo o preparo dos colaboradores. Foi meu primeiro contato com a pesquisa, aprendendo que envolvia investimento como negócio, planejamento como princípio, gestão como movimento do estudo permanente do negócio organizacioonal e resultados avaliados como impactos sustentáveis.


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Observo muito antes de estabelecer o parecer. Minha dissertação de mestrado não foi aventureira, foi induzida pela visão crítica de quem aprende fazendo e faz aprendendo, o que resultou na metodologia de gestão humana sustentável nas organizações, com a elaboração do pré-diagnóstico, diagnóstico e prognóstivo corporativo da liderança gerencial, começando pelo estudo de potencial, passando para a gestão do processo e criação de sistemas corporativos otimizados, até chegar no planejamento com base em evidências, decorrentes da avaliação dos indicadores de desenvolvimento organizacional, incluindo pessoas e aprendizagem situacional. Pois é, transportei as características do fordismo interno, baseadas em três princípios: Itensificação; Economicidade e Produtividade para a análise do ambiente externo da empresa, que alguns definem como entorno, outros, vizinhança, comunidade local, interessados no sucesso do empreendimento, no caso, o consumidor, cliente, colaborador externo, cidadão, o sujeito social.


O sujeito social ver o futuro pelo olhar do outro. Exato. Comecei a perceber que minha engenharia não era mecânica, mas, orgânica, sistêmica, holística, social. Percebi que somos entendidos como seres biológicos, sociais e culturais e expressamos a organização da sociedade como nosso "avatar", a partir dessas dimensões. Na atualidade entendo que essas dimensões são integradas e sustentáveis, mesmo que alguns pensem separadamente. Então, eu não sou eu, mas o que represento da relação que tenho com o outro, como o papel que exerço em diferentes situações da vida. Parece simples e dependendo do caso, até é, porém, trata-se de singularidade orientada, planejada, dirigida, comandada e controlada ou não.


A educação molda o comportamento do cidadão que pertence a cidade, em vez de guiar o cidadão empoderado para moldar a cidade. A empresa é um sistema como a cidade, a comunidade e tem gente que acredita ser uma família, logo, a educação corporativa é responsável por tornar transparente o objetivo do negócio e desenvolver mecanismos que comprometam o colaborador com a causa da organização enquanto parceiro, ownership corporativo. O projeto sou eu, diz o "Príncipe" de Maquiavel (antes que algém confunda com o "Pequeno Príncipe").


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Os princípios da administração científica: planejar, organizar, dirigir e controlar, diz que o comportamento humano pode ser orientado, conforme os interesses envolvidos no estímulo consciente, racional do contrato, aplicado para obter uma resposta correspondente. Ok, podemos considerar que funciona como método baseado em evidências, o problema não e o método, mas o analista que observa a realidade do negócio e conclui coisas assertivas e outras, fora de contexto. A alienação é a relação estabelecida na dialética operacional e executiva da tarefa, simbolizada pelo contrato e não um ou outro que faz a rotina acontecer na organização.


A decisão é outro nivel de complexidade corporativa desse processo produtivo de fazer as tarefas acontecerem, no tempo estabelecido pela formalidade do contrato e receber um salário periodicamente. O tempo é medido por hora, dia, semana, quinzena, mensal, com direitos a ganhos extras, como "favores" pela colaboração obrigatória. A semiótica comunicacional funcionando com a naturalidade subjetiva de quem tem fé, que simplesmente acredita culturalmente.


A alienação é um estado de espírito, justificando o sistema de rotinas, a burocracia das leis, normas, regras, contratos e as responsabilidades do papel de alguns, mas também, expressando a disrupção provocada pelo "louco", que emerge do cotidiano e ao tomar novo fôlego, percebe seu status de alienação e se transforma no sujeito social. Somos aquele que exerce o papel na burocracia institucional e o mesmo que comete atos de "loucura" com seu tempo livre, seja no final de semana remunerado, seja desempregado.


Alguns compreendem a realidade a partir da ótica do método e são taxados equivocadamente de "acadêmicos", como se fosse possível teorizar sem experimentar ou sem usar método. Outros, também em desconformidade com a realidade observada, defendem o pragmatismo e o funcionalismo das coisas como ordem natural de utilitarismo. Ambos foram moldados na realidade da ciência positivista, adotando o método como a única razão da vida monotemática, com muitos "tons de cinza". Este sujeito social alienado, coexiste no mesmo ambiente do sujeito social consciente do fato de suas ações gerarem impactos que precisam ser medidos, qualificando seu nivel de risco e gravidade futura. Nem direita, nem esquerda ou mesmo centro, somos uma parte de cada um que em movimentos contínuos, forma o coletivo do sujeito social cidadão, consumidor, cliente, parceiro, colaborador, parte interessada no sucesso do nosso negócio social.


Referência

GUERREIRO, Evandro Prestes. Sujeito social - movimentos de cidadania disruptiva. São Paulo: eSocial Brasil editora, 2024. Disponível em: https://a.co/d/gFuVVhp

 
 
 

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